terça-feira, 20 de setembro de 2011

OS NÃO-POSTS

É uma sensação muito estranha... como chegar a sua casa depois de um tempo de viagem e não ter ninguém, ou mesmo saber que não haverá ninguém. Um fenômeno que observo de uns tempos para cá e a necessidade de sempre estar acontecendo alguma coisa e mostrar em redes sociais a relevância disso. Acontece que a vida não é assim, ao menos, não a minha. Nem sempre o que acontece é tão fantástico para ser dividido.

Neste dado momento,  não tenho me debruçado sobre a prancheta e desenhado por horas seguidas, no entanto, tenho pensado desenho e quadrinhos como sempre pensei: quase o tempo todo.

A vida acontecendo diante nossos olhos, a percepção da realidade cotidiana e como tudo isso poderia se traduzir em signos gráficos. A todo momento fico pensando como este cotidiano poderia ser expressado por diferentes tomadas de câmera, criando sensações diversas em que vê. Acho que esta é uma característica ou imagino que seja de todos que criam quadrinhos, pensam quadrinhos ou gostam tanto que pensa um dia desenhá-los. No entanto, é preciso expressar tudo isso graficamente, é mais gostoso também, pois metade do prazer de fazer um trabalho visual e compartilhar com as pessoas.

É para isso que funcionam blogs, né? A necessidade de expressar idéias, de se comunicar num ambiente que fisicamente voce não estaria e poder atingir mais pessoas. Daí, quando esta sinergia não acontece, é como chegar em casa e não ter ninguém, ou, é como voltar a um lugar que você viveu, após muitos anos, e ver que quem você conhecia não mora mais lá.

Mas, a vida é movimento. Sempre estão acontecendo coisas, o tempo todo, e isso vai te moldando enquanto pessoa. Artísticamente falando, perco o número de vezes que entro na internet por dia para visitar algum site, blog, ver algum lançamento, baixar algum filme, cartoon ou música que em algum dado momento influenciarão nas idéias por trás de um desenho.

Não estar postando é uma sensação angustiante, como se fosse desaparecer e esquecer todo o caminho até aqui.

2 comentários:

  1. É interessante essa reflexão, como vc mesmo disse a vida é movimento, e os blogs e redes sociais se movimentam a cada minuto nos inundando de informações. Como desenhista também vejo essa necessidade de registrar gráficamente o cotidiano, através de fotos, desenhos, colagens, palavras, etc, mesmo sendo banais ou fantásticos. É algo que vai além de sua pessoa, é incontrolavel. MAs eu ainda tenho aqla sindrome do engavetamento, eu ainda resisto em publicar tudo, talvez pq muita coisa ainda considero reflexões particulares que não importaria para os outros, sei lá. Outro aspecto importante de postar é que que vc como desenhista acaba mantendo uma rotina e uma disciplina, pois isso é importante na produção, principalmente quando se recebe um bom feedback.
    De qualquer forma eu gostaria de publicar tanto quanto vc publica, pois pra mim isso é sinal de produção e percepção artista, o cérebro trabalhando a todo minuto tb.

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  2. Seguindo sua linha de raciocínio Grande Davi, penso na importância de mostrar a pessoa por trás do trabalho, as influências, as idéias que estão por trás das intencionalidades de cada "artista" gráfico. Como já disse certa vez, a razão de desenhar está principalmente em quatro coisas: centros urbanos, rock'n roll, mulheres e quadrinhos de super-heróis. Abração e valeu pelo comentário.

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